Nós moradores da Casa do Estudante
Universitário (CEU-UFRGS), localizada na Avenida João Pessoa, 41, viemos
através desta nota explicar as inverdades publicadas na rede social Facebook
via perfil da estudante Josie Bernardes.
No dia 28 de março a estudante fez uso do
terraço da casa e recebeu emprestada a caixa de som dos moradores para a
realização de uma festa sua com seus amigos, o que demonstra um espírito de
solidariedade existente entre os moradores da casa do estudante e seus
frequentadores. No entanto, além da falta de bom senso no volume do som ,alguns
moradores ao se depararem com objetos caindo de cima do prédio, dirigiram-se ao
terraço para ver o que acontecia, lá presenciaram a referida estudante atirando
objetos prédio abaixo, visivelmente desequilibrada Josie dizia ter tido um
tablet roubado durante a festa. Como se não bastasse o transtorno momentâneo, o
terraço da casa foi deixado todo sujo, de modo que as funcionárias da limpeza
demoraram 2 dias para limpar a sujeira da festa organizada por ela, o que é um
disparate já que nós tecemos um diálogo pelo esforço em colaborar com as
funcionárias. De modo que a sujeira deixada fere não só o trabalho das
funcionárias como o que foi já acordado coletivamente: fazer a limpeza do
espaço após utilizá-lo. A caixa de som foi deliberadamente deixada na chuva e
agora necessita de reparos, e claro, quem deve arcar com os custos é quem
deixou-a lá para ser molhada.
No dia 29 de março fomos surpreendidos por uma
postagem no grupo da casa, via perfil da estudante, em que fomos coletivamente
ofendidos, desrespeitados, enfim, publicamente criminalizados. Fomos acusados
dentre outras coisas de "ladrões", "marginais" e
"bandidos", em razão de um suposto furto de um tablet no terraço da casa
durante a festa organizada por ela. Suposto porque tão logo se revelou entre os
comentários da postagem que ela havia entregue o aparelho a um amigo para que
fosse guardado. Mesmo após perceber que não houvera furto algum, a estudante
sustentou tal mentira ao manter a postagem ofensiva em seu perfil. Como se não
bastasse, nos próprios comentários foi comunicado à estudante que haveria uma
reunião dos moradores da casa no dia 02 de abril às 22h e que se esperava sua
presença. No entanto, neste dia, apesar de se refugiar depois do ato pelo
transporte público aqui, dentro da CEU, não permaneceu após para participar da
reunião referida, espaço onde poderia pessoalmente conversar conosco e dar fim
à esta questão.
No dia 04 de abril, a estudante fez uma espécie
de justificativa em seu perfil, após toda indignação gerada, no entanto, ainda
se recusa a remover a postagem de conteúdo ofensivo que atribui a autoria a seu
irmão.
Enfim, lamentamos que a estudante desconheça a
história da CEU, a história de reconquista e (re)construção continuada e
coletiva da ocupação dos espaços da CEU. Lembramos que o terraço se limpa com
água, a caixa de som é possível de se consertar ou substituir, mas o que mais
nos ofende e continua a nos ofender é a conivência de Josie Bernardes com o
conteúdo de uma publicação criminalizadora, difamatória e caluniosa em seu
perfil na rede social Facebook. Acreditamos que este é o tipo de atitude que
abre margem para ações proibicionistas dentro da casa e, portanto, a
possibilidade de diminuição de nossa liberdade e de fechamento dos espaços da
casa, além de endossar uma visão preconceituosa de moradores de casas do
estudante. Por fim, reiteramos que o espaço da casa do estudante é um espaço de
construção de conquistas e de resistência, de saberes, de trocas contínuas, de
erros e acertos, diálogos e vivencias permanentes sobre o conviver
coletivamente, sobre o respeito às individualidades e a permanência digna de
estudantes de baixa renda dentro da UFRGS.
Moradores da Casa do Estudante Universitário
da UFRGS