segunda-feira, 9 de maio de 2011

ASSEMBLÉIA GERAL DOS MORADORES DA CEU-UFRGS. TERÇA-FEIRA 10/05 ÀS 22H NA SALA X!!!

Direito perdido na CEU - UNB

Porta de Emergência da CEU sendo soldada
Imagine você chegar à sua casa e encontrá-la arrombada e com a fechadura trocada. Agora imagine você tomando banho, você é uma mulher, e de repente entra um chaveiro, arrombando sua porta. Agora imagina você morar em um prédio colossal, abandonado desde a construção em 1972, e de repente a administração manda soldar a porta de emergência, única saída além da principal (sendo que há uma em cada ponta do prédio). Agora imagine também retirarem a segurança, o bebedor, parte das luzes do corredor, além do laboratório de informática, bloqueio da rua para o transporte público e suspensão do transporte interno.

Estas e muitas outras violações de direitos básicos e constitucionais estão ocorrendo todos os dias contra @s Estudantes de Graduação da Universidade de Brasília que residem na Casa do Estudante Universitário – CEU. Os crimes cometidos pela Reitoria da instituição vão desde invasão de domicílio sem mandato judicial, invasão da privacidade, assédio moral e pressão psicológica dentre outros crimes, tudo provado com vídeos.

Reitoria essa que possui em caixa os recursos desde 2008 para construir a nova Casa do Estudante com capacidade para 600 moradores, mas por falta de vontade política não construiu a nova casa que prometeu na Campanha eleitoral e agora depois de cerca de três anos, chegando perto do final de seu mandato e de olho na reeleição e na copa, o Magnífico Reitor resolveu fazer a reforma na atual casa do estudante, que manterá sua capacidade máxima de 368 vagas e retirará definitivamente @s estudantes do CAMPUS.

A UnB tem hoje demanda de mais de 600 moradias estudantis para estudantes de baixa renda comprovada, que sem a assistência à moradia ficam totalmente impossibilitados de estudar na universidade, sendo a grande maioria destes de fora do DF.

Antes do decreto REUNI em 2007 o número de ingressos na graduação da UnB era de cerca de 2000 por semestre, hoje passa dos 4 mil, mas o número de vagas para moradia estudantil não aumentou uma única vaga. Além disso, a previsão é que em 2012 a demanda por moradia chegue a quase mil estudantes e com a CEU reformada o número de vagas permanecerá o mesmo, 368 no total.

Sem contar que há um projeto de aporte financeiro de 300 milhões de reais para a reforma e ampliação do Centro Olímpico da UnB, que fica ao lado da CEU, para a Copa do Mundo em 2014 e tudo indica que a Casa do Estudante – que foi criada inicialmente para alojar atletas – finalmente terá sua finalidade atendida e os estudantes da UnB só voltarão a ao Campus depois de 2014, tudo o que todo reitor quer, “os pobres” longe para não importunarem, a grande filosofia que rege a dinâmica do espaço urbano de Brasília aplicada agora a UnB.

Ao contrário do que é divulgado pela instituição as opções oferecidas apresentam sérios problemas. Por exemplo, o auxílio de R$ 510,00 não permite que os alunos paguem aluguéis próximos à instituição e muitos estudantes também não conseguem alugar apartamentos por não possuírem fiadores e para serem locatários é necessário ter uma renda de no mínimo três vezes o valor do aluguel – fato incompatível com a realidade dos alunos que necessitam de assistência estudantil.

Enquanto isso, eles vão residir como conseguirem, como está acontecendo agora com os estudantes que foram encaminhados para albergues. Um dos estudantes por exemplo foi assaltado dentro de um albergue, outro foi atingido por um tiro na perna em uma localidade distante, outros tantos que agora têm de passar duas horas no transporte público de “altíssima qualidade” da capital federal – cada vez mais barato e de boa qualidade – passam a perder quatro horas ao todo de cada dia de suas vidas que poderia ser dedicado a uma formação acadêmica de qualidade na UnB.

Houve ainda por último a oferta desesperada da UnB para comprar os estudantes, levando alguns para hotéis de 4 estrelas, que dentre vários problemas, não permite o direito de receber visitas gratuitamente (50 reais se um amigo ou parente vier lhe fazer uma visita), não se tem como lavar roupas, muito menos cozinhar e etc, ao custo de R$3.500,00 mensais para 3 pessoas em um quarto.

E o que mais choca em tudo isso são as violações de direitos humanos que estão ocorrendo na Moradia por um reitor que sempre se valeu da bandeira dos Direitos Humanos como plataforma político-eleitoral.

Além das violações do direito a moradia e dignidade, @s estudantes estão sofrendo ameaças de perca dos benefícios estudantis e jubilamento (expulsão). E também estão sendo coagidos a deixarem a casa sem garantias mínimas a uma moradia digna, por meios de vários instrumentos – como por exemplo os funcionários da UnB que batem nas portas dos apartamentos pelo menos três vezes por dia violentamente mandando os estudantes desocuparem o prédio.

Depois de Soldada a porta de emergência foi reaberta
por ordem judicial mas logo em seguida trancada novamente
Provamos tudo o que estamos denunciando, basta assistir aos vídeos do chaveiro arrombando os apartamentos ainda ocupados, bebedor e luzes retiradas, segurança drasticamente reduzida, bloqueio da rua de acesso a moradia, suspensão do transporte, soldagem da porta de emergência e ameaça de cortar a luz e água dos prédios.

Muitos estudantes procuraram a Defensoria Pública da União – DPU para garantir a defesa dos seus direitos. Procurada na última semana pela DPU a reitoria explicou que não vai retirar os estudantes a força pois os mesmos estão com a situação indefinida, mas no entanto tenta expulsar os estudantes da moradia com várias ações que atingem a dignidade e o “direito a moradia”, que ironicamente é o nome de um texto produzido pelo Reitor José Geraldo décadas atrás, direito que está sendo violentado, ilegal e imoralmente desrespeitado.

Assistam aos vídeos e pasmem, tudo está ocorrendo na Universidade de Brasília. Portas arrombadas, invasão de domicilio, soldagem de saída de emergência, dentre outras ações contra estudantes que só querem o que lhes é de direito.


Movimento FICA CEU
http://ficaceuunb.blogspot.com

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Crítica de Jornalismo B à matéria de Zero Hora do dia 04/05/2011

Zero Hora contra os estudantes da UFRGS

4 maio 2011
Nos últimos dias, com a colaboração de diversos blogs, foi divulgada a tentativa de imposição, pela Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), de um novo regimento para a Casa do Estudante Universitário (CEU) da UFRGS. A proposta, que não foi debatida com os estudantes / moradores, acaba com a participação dos estudantes nas decisões da Casa, reduz de seis meses para 60 dias o prazo de permanência para os formandos, acaba com a possibilidade de pós-graduandos viverem ali (contrariando a política de estímulo à permanência na Universidade), e chega a medidas moralistas como impedir os moradores de ingerir bebidas alcoólicas ou andar sem camisa nas dependências da CEU.
Depois da mobilização segurada há semanas pelos estudantes e fortalecida nos últimos dias pela blogosfera, o jornal Zero Hora finalmente interessou-se pelo tema. Talvez a pedido da Reitoria, talvez após tomar conhecimento das pautas da mídia alternativa, ZH enviou à UFRGS um repórter experiente na criminalização de movimentos sociais – especialmente o MST. Novamente Carlos Wagner fez juz à confiança que o Grupo RBS deposita nele, e pintou, em sua matéria, um quadro absolutamente distorcido da realidade da luta estudantil.
Se foi uma vitória para os moradores e para os blogs pautar mais uma vez a mídia hegemônica, é uma derrota para a sociedade ser mais uma vez tão mal-informada sobre o que acontece embaixo de suas barbas, com a sua juventude. A impressão passada pela matéria é a que o Grupo costuma tentar criar dos jovens: baderneiros. O texto de Carlos Wagner esvazia o verdadeiro debate, e dá a entender que a reclamação dos moradores acontece porque os jovens querem beber e andar nus pela Casa do Estudante. São três momentos (17 linhas, nos quadros vermelhos) com esse mote, além da linha de apoio “Novo regimento proíbe consumo de bebida alcoólica no prédio universitário”, tornando-o o mais importante do texto. Nenhuma palavra sobre as outras reclamações em relação ao novo regimento ou sobre os problemas de estrutura com os quais os moradores têm de conviver.
A total falta de relevância conferida ao posicionamento dos estudantes também fica clara no texto. Enquanto as declarações do secretário de Assistência Estudantil da UFRGS, Edilson Nabarro, ocupam 16 linhas (nos quadros azuis / sete delas são uma citação literal e as outras nove são praticamente isso), o posicionamento dos estudantes é lembrando apenas na segunda metade do texto, em apenas dez linhas (quadros verdes), e da seguinte forma: “O grupo discorda das mudanças e classifica a minuta de ‘um conjunto de regras arbitrárias’”; e “Sem entrar em detalhes, o estudante Cristian Roni Conrad, 28 anos, um dos representantes dos moradores da CEU, nega que a intenção dos universitários seja de implantar o regime de autogestão”. Sim, porque, além da tese de que os estudantes querem fazer um novo Woodstock na CEU, há ainda uma outra: a de que querem “tomar o poder”, atropelando a UFRGS. Não é verdade, como explicou Cristian.
É dessa forma que Zero Hora, pautada pela mídia independente, repercutiu, enfim, a luta dos estudantes por respeito: distorcendo, manipulando. A reportagem parece feita em parceria com a Reitoria da universidade, mas o jornal afirma tratar de forma imparcial os movimentos sociais. O Jornalismo B, não. Aqui temos lado, e é o lado dos estudantes, o que não faz com que nos afastemos do exercício ético do jornalismo e do compromisso com a veracidade dos fatos e com a responsabilidade das análises.

*Mais informações no blog da CEU.
Por Alexandre Haubrich

Fonte: http://jornalismob.wordpress.com/ 

Matéria do Jornal Zero Hora de 04/05/2011 sobre a CEU

NOTA DE ELUCIDAÇÃO à matéria publicada no Jornal Zero Hora, dia 4 de maio de 2011

Discordamos e rejeitamos o conteúdo da matéria sobre o Regimento da Casa do Estudante Universitário (CEU) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), veiculada pelo Grupo RBS (vide Zero Hora e Jornal Catarinense) no dia 4 de maio de 2011. Trata-se, como outrora bem definiu José Arbex Jr., de um “showrnalismo” onde as informações sobre um tema passam por um tratamento lingüístico e pelo crivo ideológico. É dessa maneira que o jornalista Carlos Wagner procedeu na distorção do assunto, conferindo-lhe um sentido diverso ao que realmente defendem @s moradores (as) da CEU. Entre suas adulterações, a mais grosseira é sobre o que distingue fundamentalmente as propostas. Nós, estudantes e moradores (as), somos irredutíveis em relação ao caráter democrático que deve prevalecer tanto no processo de elaboração deste documento quanto em sua aplicação, em particular, no que concerne ao Conselho Diretor.
Inicialmente, o texto da matéria busca forjar a opinião d@s leitores (as) de que a polêmica tenha se dado em torno das proibições (consumo de bebidas alcoólicas e uso, ou não, de trajes íntimos). Ora, em momento algum os moradores entrevistados citaram esse ponto. O fulcro da questão, em verdade, é sobre a participação e o consentimento d@s moradores (as) nesse novo Regimento. Até o momento as nossas tentativas de dialogo com a SAE foram frustradas porque ela não respeitou as instâncias pertinentes e recusou todas as alterações que propomos. Tanto que a demonstração estudantil mais insigne foi o Ato do dia 28 de abril. Na ocasião, dezenas de moradores (as) foram até a SAE entregar seu modelo de Regimento e pressionar o secretário para que se comprometesse, oficialmente, perante o corpo discente e as instâncias deliberativas da instituição. Porém, o prédio da SAE encontrava-se fechado, sob a guarnição de diversos seguranças que não permitiram nossa entrada. Não fomos prontamente recebid@s pelo Senhor Edilson, e saímos de lá apenas com um comprometimento oral de que ele participaria da próxima Assembléia Geral de Moradores (as).
Queremos igualdade para debater os assuntos relativos à Casa com a administração, seu funcionamento, seus problemas, as decisões que precisam ser tomadas. Afinal de contas, quem mora na CEU somos nós. Nunca apresentamos um modelo de autogestão como sugere o secretario da SAE. Aliás, isso é desdenhar nossa capacidade de entendimento sobre como se estabelecem as relações internas e externas de uma instituição pública e quais são seus marcos legais. O que estamos pautando é que a administração da Casa seja realizada por um Conselho Diretor, necessária e igualmente composto pelo corpo administrativo e por moradores (as). Por outro lado, o jornalista Carlos Wagner subestima a capacidade de raciocínio d@s leitores (as) uma vez que tenta articular um texto que desafia as próprias regras de um discurso lógico e coerente. Ressaltamos ainda que a maneira como foi abordada as proibições – circulação de pessoas em trajes íntimos e/ou despidas e a proibição de substâncias ilícitas – não passa de uma aberração midiática. amais houve um setor na UFRGS que, em seu conjunto de normas, permitia tais interdições. E nem vai haver. Existem leis federais que coíbem e punem esses tipos de práticas, e que permeiam preceitos legislativos de qualquer ordem.
Ao cabo de muito esforço continuamos, mais do que nunca, mobilizados nessa luta. Temos vontade e queremos participar da construção do Regimento Interno. Acreditamos e defendemos a necessidade de concretizar regras para a CEU. Mas, não abriremos mão sobre nossa efetiva intervenção em seus assuntos.

Por Os moradores da Casa do Estudante Universitário da UFRGS

Relato de moradora sobre o aumento de controle na CEU

Sou moradora da CEU UFRGS, faço mestrado em Sociologia (por ironia a dissertação é sobre a literatura brasileira no pós-64). Antes morei na CEU da UFPEL, quando estava na graduação de Letras e Filosofia. A CEU-UFPEL tem cinco andares e 204 moradores que dividem entre quatro um quarto, passou pelo mesmo processo de autoritarismo que vivenciamos também agora, em Porto Alegre, com um regimento que vem guela abaixo. Lá hoje, mesmo os familiares não podem pousar uma noite que seja no  quarto do morador, nem mesmo no dia da formatura, que para muitos é a primeira e provavelmente única vez que chegam em Pelotas.Proibidas as visitas, há câmeras filmando todos os corredores, acesso e saída, o visitante que já deixa seu número de rg no cadastro, ainda deve ser filmado…os moradores já estão todos com sua devida digital cadastrada  e toda santa vez que saem ou entram de sua casa, precisam parar e escanear o dedo na maquininha da portaria, chega a fazer fila…é triste isso tudo.
Outra vez, sinto-me criminalizada, difamada, enfim lesada moralmente, ao ler uma notícia falaciosa e claramente tendenciosa publicada pelo ZH, provavelmente escrita por um ser que nunca morou numa CEU ou a frequentou. Eu, q nada tenho contra o nudismo, vou para o banheiro de roupa até, lá me banho como todo mortal mediano e volto de toalha mediana ou roupão para o quarto. Trajes íntimos, ora, acho q vai sair uma fogueira de sutiãs e cuecas aqui, já que como o próprio ZH publicou, “acendeu novos protestos”, o fato é que não somos contra as regras sabemos que existe inclusive uma constituição, e que ainda não há lei seca no Brasil, e que a casa é um prédio público de acesso especial, embora por toda a UFRGS, sirva-se eventualmente um vinho entre uma palestra e outra, e isso é normal, e que bom que seja, mas só os escolhidos podem ter um momento de lazer, socialização, convescote.
Seguem em anexo, dois desenhos feitos por mim, aquele do AI-5 é uma síntese do que os estudantes vêm sofrendo, a cópia é livre. Só não gostaria que nos botassem pra marchar aqui também.
Por Francesca Azevedo

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Entrevista na Rádio Gaúcha sobre a mobilização na CEU

Entrevista com Edilson Nabarro e moradores da CEU na rádio gaúcha, falando sobre o novo regimento da casa e esclarecimento da matéria tendenciosa, deturpadora e alienda publicada pelo ZH no dia 04/04/2011.
Segue o link:


http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=1&contentID=181641&channel=232

Vídeo da Manifestação dos estudantes da ufrgs contra regimento autoritario para a casa do estudante

Crítica: Zero Hora tenta deturpar o sentido da mobilização dos moradores da Casa do Estudante Universitário da UFRGS

Da forma mais espetacular e deturpadora o possível, bem ao gosto dos interesses de uma força dominante, a mídia hegemônica enfim anunciou o processo de reformulação do regimento interno da Casa do Estudante Universitário (CEU) da UFRGS. A matéria do jornal Zero Hora de 04 de maio de 2011, disponível no endereço http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3297201.xml&template=3898.dwt&edition=17033§ion=1003 , claramente se encarrega de levar ao grande público uma percepção completamente conservadora e alienada do que se passa com os estudantes da UFRGS e moradores da CEU. A matéria tendenciosamente coloca ao leitor que o debate levantado pelos estudantes gira em torno do consumo de bebidas alcoólicas e uso ou não de trajes íntimos nas dependências de uso comum da casa. Conforme Alexandre Haubrich no blog do Jornalismo B, cujo endereço é http://jornalismob.wordpress.com/2011/05/04/zero-hora-contra-os-estudantes-da-ufrgs/, “são três momentos (17 linhas, nos quadros vermelhos) com esse mote, além da linha de apoio ‘Novo regimento proíbe consumo de bebida alcoólica no prédio universitário’, tornando-o o mais importante do texto. Nenhuma palavra sobre as outras reclamações em relação ao novo regimento ou sobre os problemas de estrutura com os quais os moradores têm de conviver”. A própria prática contrapõe-se à matéria de Zero Hora, já que ninguém costuma circular despido e embriagado pelos corredores da CEU, e jamais o motivo para a mobilização dos estudantes foi o consumo ou não de bebidas alcoólicas, embora essa proibição seja completamente descabida, visto que não há no país uma lei seca que proíba as pessoas de beberem, sobretudo dentro de sua própria casa.
Para além de questões meramente morais como as levantadas pelo tabloide da família Sirotsky, o regimento interno proposto pela Secretaria de Assistência Estudantil (SAE) apresenta-se como um documento antidemocrático, pois como se encontra em texto publicado no blog da CEU, cujo endereço é http://ceufrgs.blogspot.com/ , "o item [do regimento] que mais agride os moradores da CEU enquanto cidadãos é o referente à realização de assembléias dentro da casa: 'Art. 13 - As sessões da Assembléia Geral serão sempre presididas e secretariadas pela Direção do DIF e/ou DME'. Ou seja, a convocação de assembléia geral na casa passará a depender da aprovação da DME [Divisão de Moradia Estudantil], e se aprovada será presidida pela DME. Com isso, a universidade retira dos moradores o que lhes é mais valioso: o direito de se reunirem, articular-se autonomamente para reivindicar qualquer direito. Assim, fica clara a completa perda de liberdade e, consequentemente, autonomia (mínima que seja) dos moradores da casa”. Trata-se, como já afirmei em texto anterior aqui no blog, de um completo acúmulo do poder nas mãos da SAE, poder que se faz valer com o aumento de controle e invasão da vida privada dos moradores num delirante panoptismo cotidiano. Dessa forma, a universidade visa, com uma proposta ditatorial de regimento, a completa determinação da vida dos estudantes no local onde eles residem.
A SAE tenta respaldar a sua proposta de regimento interno com o Decreto no 7.234, do governo federal, no entanto trata-se de um falso respaldo, visto que esse Decreto que dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil – PNAES, não “disciplina” a concessão de benéficos aos estudantes, conforme a matéria de Zero Hora, e sim norteia as ações de assistência estudantil a serem oferecidas pela universidade. Diz o Artigo 4º do Decreto 7.234/10 que dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil – PNAES: “As ações de assistência estudantil serão executadas por instituições federais de ensino superior, abrangendo os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, considerando suas especificidades, as áreas estratégicas de ensino, pesquisa e extensão e aquelas que atendam às necessidades identificadas por seu corpo discente”. Percebe-se, portanto, que as ações de assistência estudantil da UFRGS devem atender às necessidades identificadas pelo seu corpo discente, ou seja, caberia a SAE aceitar a proposta de regimento elaborada pelos moradores, pois esta é o documento oficial sobre as necessidades que estes estudantes têm em relação ao funcionamento do lugar onde moram. Desse modo, fica claro o espaço contraditório em que se deposita a proposta elaborada pela secretaria. Os moradores da CEU entendem que para além de um “prédio universitário”, conforme a matéria de Zero Hora, ou um departamento qualquer da universidade, conforme a SAE, a CEU é antes de tudo uma CASA, no sentido colocado pela realidade cotidiana objetiva de todo e qualquer cidadão brasileiro. O fato de a casa compor a estrutura da universidade não dá direito a esta de intervir na vida particular de quem mora naquela, por exemplo, através da regulação de horários e ferrenhas restrições de acesso ao prédio.

Ainda sobre a desinformação proporcionada pelo jornal Zero Hora, parece que Carlos Wagner ateve-se mesmo apenas à comparação do capítulo dos Deveres nas propostas da SAE e dos moradores, e conclui que “na versão deles [moradores], no capítulo dos deveres, não consta a proibição de bebidas alcoólicas e a circulação em trajes íntimos”. Para além desse mote, trago a necessidade de se atentar para o fato de que também existe o capítulo dos Diretos, e basta examinar as propostas, disponíveis no blog da casa cujo endereço é http://ceufrgs.blogspot.com/ , para ver o quão este capítulo fora reduzido na proposta elaborada pela SAE. E ao contrário do que afirma o secretário Edílson Nabarro, jamais existiu uma “cortina de fumaça”, muito menos para esconder uma tentativa dos estudantes de autogestão na casa, isso foi veementemente afirmado pelo estudante Cristian Roni Conrad (28 anos) ao repórter, no entanto não consta sequer uma afirmação que seja do estudante sobre esse ponto na matéria. Além de não dar a devida relevância aos argumentos dos estudantes, Zero Hora tenta colocar o movimento como não transparente, quando na verdade nunca houve camuflagem alguma, os objetivos sempre foram os mais explícitos e para além de quaisquer balelas de cunho moral.

Por Diogo Dubiela

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Divulgação em páginas da internet sobre o ato contra regimento interno "proposto" pela SAE

http://www.revistaovies.com/colaboradores/2011/04/casa-ou-quartel/

http://movimentocontestacao.blogspot.com/2011/05/casa-ou-quartel.html

http://limarco.blogspot.com/2011/05/casa-ou-quartel-de-alexandre-haubrich.html

http://futurosociologo.wordpress.com/2011/05/01/casa-ou-quartel/

http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=15118:ufrgs-casa-ou-quartel&catid=60:linguaeducacom&Itemid=72&sms_ss=facebook&at_xt=4dbdb99e95dcd3e8,0

http://blogdoadeli.blogspot.com/2011/05/casa-ou-quartel-reitoria-da-ufrgs-tenta.html

http://contramola.blogspot.com/2011/05/casa-ou-quartel.html

http://mariafro.com.br/wordpress/2011/05/01/alexandre-haubrich-casa-ou-quartel-reitoria-da-ufrgs-versus-estudantes/

http://www.debrasilia.com.br/noticias.php?id_noticia=2066

http://gtup.wordpress.com/2011/04/30/ceuufrgs-na-luta/

http://megafonadores.blogspot.com/2011/04/na-minha-casa-tem-goteira-e-tem-cupim.html

http://www.ptpoa.com.br/txt.php?id_txt=3112&PHPSESSID=195644847c2e98f6549778c3cdd64fcf

http://dageufrgs.blogspot.com/2011/04/nao-ao-regimento-autoritario-da-sae.html

domingo, 1 de maio de 2011

Estudantes da UFRGS e moradores da CEU realizaram ato contra regimento interno arbitrário proposto pela SAE

Na quinta-fera dia 28 de abril, os moradores da Casa de Estudante Universitário (CEU) realizaram um ato público no campus central da UFRGS contra as decisões arbitrárias da Secretaria de Assuntos Estudantis (SAE), no que diz respeito ao funcionamento da CEU, e a reforma de fachada realizada na casa no ano de 2010.








Os moradores, acompanhados de representantes de entidades apoiadoras, concentraram-se em frente à casa na avenida João Pessoa por volta das 10h, de onde saíram em caminhada até a SAE, ao som de marchinhas improvisadas que ironizavam as ações da secretaria. Quando da chegada dos moradores a secretara foi imediatamente fechada e seguranças impediam o acesso dos estudantes. O Secretário de Assuntos Estudantis se recusou a dialogar com o movimento, criando um impasse que se prolongou por mais de uma hora. 







Quando, finalmente, Edilson Nabarro decidiu conversar com os estudantes, lhe foi entregue uma série de documentos, que incluíam: 1) um abaixo-assinado representando a maioria dos estudantes da CEU/UFRGS em apoio ao movimento; 2) uma declaração de diversas entidades estudantis solidárias à causa da CEU; 3) a proposta de regimento elaborada pelos moradores da CEU, que organiza a casa em função dos que lá vivem. Por fim, apresentava-se um Termo de Compromisso ao Secretário, em que este se comprometeria a reconhecer a autonomia da CEU e da Associação de Moradores, firmando um prazo para apresentar uma posição oficial e clara sobre a elaboração do regimento. Edílson não assinou o termo de compromisso, revelando a indisposição da SAE em aceitar as reivindicações dos moradores da CEU dificultando a construção de um consenso. No entanto, o secretário assinou um termo de recebimento dos demais documentos e se comprometeu a comparecer em uma assembléia na casa de estudante para começar a discutir o novo regimento. Essa assembléia, em que estará presente o secretário, será em breve divulgada aqui no blog.